O
Triunfo da Morte
Durante
a Idade
Média e início da Idade
Moderna pragas, epidemias e guerras religiosas e políticas
assolaram a Europa. Falou-se em "castigo divino", como se
não houvesse possibilidade de salvação para a humanidade.
Uma das formas em que esta visão apocalíptica do futuro
proliferou-se foi A Dança da Morte: uma temática
do imaginário popular medieval que gerou inúmeras manifestações
populares, como a cerimônia realizada nos fundos da igreja (cemitério)
no século XIV, que era acompanhada por sermões falando
do caráter impiedoso da morte. Os principais personagens eram
"a vítima" e "a morte" (representada por
pessoas vestidas com uma roupa preta e justa, sobre a qual eram pintadas
as linhas de um esqueleto, e usando uma máscara de caveira).
Em todos os casos a morte triunfava ao final, ceifando a vida da vítima
(ver Ciclo
da Vida).
Na Florença do século XVI este ritual perdeu um pouco
da ênfase moralizante, tornando-se uma cerimônia mais aberta
e festiva. O Triunfo da Morte, de Bruegel, mostra que nos Países
Baixos a influência da tradição
medieval manteve-se forte mesmo no século XVI. Vemos aqui o exército
da morte avançando sobre uma paisagem sóbria, exterminando
tudo, deixando apenas destruição e desolação.
As
cores quentes, sobretudo o ocre, acentuam ainda mais o aspecto infernal
da imagem. Os tons brancos e vermelhos, que salpicam a imagem em vários
pontos, criam contrastes que só acentuam a dramaticidade da cena.
O ângulo do olhar do espectador, direcionado ao chão, reafirma
a visão apocalíptica da imagem. Nesta obra, o conteúdo
moral é o da morte impiedosa, que assola a todos, sem distinção
de classe ou posição social - o rei, o bispo, o plebeu,
os amantes, ninguém escapa. É impactante a figura da morte,
que aparece sobre um cavalo esquelético bem ao centro da obra
com uma foice na mão e em posição de ataque. É
possível, inclusive, que Bruegel tenha recebido influência
de algumas gravuras sobre esse tema, criadas por Holbein
no século XV, bastante reproduzidas em sua época.
Bruegel
mantém nesta obra a fragmentação, característica
da obra de Bosch:
o tema é mostrado através de muitas cenas episódicas
e a multiplicação de pequenos objetos ocupam a vastidão
do espaço representado. Existem semelhanças entre os dois
artistas também na iconografia,
pois ambos bebiam do mesmo imaginário medieval. Apesar das semelhanças
com Bosch, o horror presente no realismo
de Bruegel é algo que o seu antecessor não alcançou.
Na mansão de Quelícera esta imagem foi apropriada (ver
Apropriação)
como fundo para um dos possíveis fins trágicos dos personagens
do jogo. Na Masmorra, por um pequeno deslize de conduta do jogador,
seu personagem cai neste espaço infernal, que é mostrado
como uma dimensão paralela aberta a partir de um portal.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador