Bouddha
Nesta
obra encontramos o talento colorista de Redon. A cor é alegre
e luminosa, e a intensidade cromática deve-se ao uso de tons
puros, como azuis e amarelos justapostos, causando um forte impacto
visual. A textura pigmentada, própria da técnica do pastel,
é bastante visível na obra.
Quando Redon abandonou o monocromatismo,
presente na obra Le
Juré, em favor de uma intensa diversidade cromática,
abandonou também as abordagens temáticas de forte intensidade
dramática. Este segundo momento de sua linguagem fica bem evidente
em obras como Borboletas,
no tema mitológico de Ciclope
e na obra aqui comentada.
O movimento fundado por Buda afirmava que a libertação
humana poderia ser atingida através do caminho da sabedoria,
pelo corretismo dos pensamentos, visões, intenções,
esforços, palavras, resoluções, conduta e meditação.
Essa sabedoria e conhecimento constituem a Bodhi, ou iluminação.
Assim Bouddha, como era conhecido Sidarta Gautama, significa o Iluminado.
A mitologia desse personagem conta que ele emergiu da flor de lótus,
símbolo do florescimento e desenvolvimento espiritual, da sabedoria
e do nirvana. A flor aberta, em forma de roda, representa a Roda da
Existência.
Nesse quadro, Redon dá aos elementos naturais, tão importantes
na história de Buda, uma beleza especial através do uso
arrojado das cores. A luz incide sobre o interior da árvore,
e é essa mesma luz que ilumina o caminho onde Buda se encontra,
em um momento de pausa. Em sua serenidade ele transmite paz, tranqüilidade
e espiritualidade ao ambiente. O equilíbrio da composição
é atingido pela disposição dos elementos. A figura
de Buda tem uma correspondência vertical com a árvore,
assim como o conjunto superior de flores tem uma correspondência
com as folhagens no primeiro plano. No desenho não há
ângulos violentos nem linhas em conflito, ao contrário,
as linhas de Redon desmancham-se suavemente, diluem-se em zonas de cor.
A cor de Bouddha não tem relação com os tons desvanecidos
da existência cotidiana, ao contrário, é mais uma
das transfigurações do conteúdo místico
tratado pelo artista. Das cores vibrantes e frias do céu, assim
como das quentes presentes na roupa de Buda e no chão, emana
uma forte energia. Redon reconhecia em Buda um mestre do espírito,
da contemplação, um sábio das transformações
individuais lentas e progressivas, um guia pautado na humildade, na
bondade e na força da sabedoria. Esta obra expressa tal admiração.
Em A Mansão de Quelícera, esta imagem foi apropriada
em duas situações. Primeiro, a figura de Buda foi base
para construção do habitante Odilon, que aparece apenas
para Vivian, revelando segredos importantes para o seu trânsito
dentro da Mansão. Segundo, a paisagem de fundo de Bouddha foi
base para a criação do espaço que abriga o desafio
do jogo-da-forca, na Biblioteca.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador