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Odilon Redon
O Ciclope, 1898-1900, óleo sobre tela, 64 x 51 cm. Kröller-Müller Museum, Otterlo – Holanda: www.kmm.nl

 

O Ciclope

Na mitologia grega, os ciclopes eram uma espécie formada por seres gigantes que tinham um olho só, no meio da testa. Esse olho único, próprio de seres fabulosos de natureza violenta e força bruta, é símbolo do mal. Encontramos quatro espécies de ciclopes: os uranianos, os ferreiros, os construtores e os pastores. Sob o domínio dos ciclopes uranianos estava a tempestade, o raio e o trovão. Apenas Apolo, deus da luz, era capaz de vencer essas forças primitivas. Os ferreiros habitavam os vulcões, onde tinham suas oficinas e fabricavam, principalmente, as armas dos deuses. Aos construtores é atribuída a edificação de enormes monumentos, impossíveis de serem executados por humanos. Finalmente, os ciclopes pastores possuíam rebanhos de carneiros, eram brutais por terem uma vida selvagem, habitavam cavernas e devoravam seres humanos que passassem por suas terras.

Negando essa natureza, O Ciclope de Redon tem um olhar terno. Ele lembra a lenda de um desses ciclopes antropofágicos cuja violência foi contida pela ternura que sentia pela bela Galatéia, indiferente ao doce amor do monstro selvagem. Ela foi representada pelo artista em meio à vegetação. Redon situa a cena num ambiente natural, no entanto nega o naturalismo. A relação das formas no espaço é desenvolvida pela cor. Não há uma definição precisa dos elementos naturais do primeiro plano, sugeridos por pequenas pinceladas de cores misturadas em diversas tonalidades e matizes, assim como fez Cézanne em A Montanha de Saint Victorie, embora sem a suavidade característica de Redon. As cores terrosas tendem para o vermelho, contrastando com os verdes luminosos que se sobressaem na vegetação. O bloco montanhoso e rochoso que separa as duas criaturas tem cores mais escuras, fato que o torna visualmente mais pesado. Por sua vez, há leveza no céu, onde encontramos um azul claro e pálido, devido à adição de brancos. Existe um diálogo entre os dois corpos através das tonalidades da pele, uma clara e a outra escura. Há uma diagonal invisível, que se origina no olho do ciclope e corre em direção ao corpo da mulher.

Há um apelo sexual no quadro que advém da nudez feminina. A mulher mostra-se sensual, no seu gesto e na sua posição, o que lembra a sensualidades das mulheres das alegorias de Baldung. O tamanho avantajado de Ciclope é expressão do desejo do personagem pela sua musa. Porém, ao contrário de uma conduta selvagem e instintiva, o quadro mostra uma cena de afeto, não de ameaça. É uma imagem de sonhos que leva o observador a tempos primordiais.

No nosso jogo, esta imagem tem grande importância. Foi apropriada para tornar-se um dos habitantes misteriosos da Mansão de Quelícera. Ele aparece para os jogadores que escolheram a Vivian como personagem. A única maneira de Vivian resolver um desafio importante em sua trajetória, entrar na prova do labirinto, é despistando o Ciclope com borboletas mágicas encontradas no banheiro da Mansão. Essas borboletas foram criadas a partir de outra obra de Redon, Borboletas.

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Atualização em 30/01/2206.

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