Os
Embaixadores
Próprio da arte renascentista
e das pinturas de Holbein, esta obra nos mostra um naturalismo
descritivo e atualizado para o seu tempo. A imagem é repleta
de objetos modernos, dispostos em um pesado móvel, representados
com minúcia e uma técnica metódica. Na parte superior
do móvel estão os instrumentos de medição
astronômico e marítimo, como o globo terrestre e o quadrante,
que fazem referência à circunavegação e às
grandes descobertas de novos continentes. No tampo inferior encontramos
objetos referentes às atividades terrenas do ambiente culto e
burguês, um livro de aritmética, instrumentos musicais,
outro globo e um alaúde. A imagem deste instrumento, próprio
das classes mais abastadas, costumava fazer menção ao
amor mundano, e sua imagem fica ressaltada na medida em que outro alaúde
foi colocado embaixo da mesa (ver instrumentos
musicais).
Mas será que o tema do amor fazia parte da poética de
Holbein? Justamente deste artista, que ficou conhecido pelo aspecto
objetivo e impessoal de suas obras? O alaúde, muitas vezes, foi
representado como metáfora da harmonia. Nesta obra, um dos alaúdes
tem uma de suas cordas rompida. Será que Holbein falava do perigo
da desordem social e política? No canto esquerdo superior da
imagem, parcialmente encoberto pela suntuosa cortina colocada no fundo
da composição, vemos um pequeno crucifixo de prata cristão.
Será que faz referência às turbulências de
sua época, à Reforma
Protestante
ou às relações estremecidas entre França
e Inglaterra? O embaixador da esquerda, Jean de Dinteville, retratado
aqui aos 29 anos, era um rico embaixador francês atuante na Inglaterra.
O da direita, Georges de Selve, era um erudito recém consagrado
bispo católico, aos 25 anos de idade. A
forma meticulosa e a quantidade de objetos distintos ali representados
explicitam as habilidades dos embaixadores, demarcando seus status social.
Apesar da juventude de ambos, é a imagem enigmática que
Holbein coloca, dissimuladamente, entre os embaixadores, abaixo dos
seus pertence, que mais intriga.
Nos
séculos XVI e XVII, houve bastante interesse e fascinação
pela representação de objetos anamórficos,
e um dos maiores exemplos na história da arte é esta obra.
Na parte inferior da imagem percebemos uma forma alongada e, durante
muito tempo, ininteligível. O aspecto representativo desta forma
só é possível de ser percebido subliminarmente,
através de uma visão periférica, olhando-a obliquamente.
Percebe-se então que temos ali uma caveira humana representada
de forma distorcida. Tal referência atribui à obra uma
menção simbólica (ver simbologia da caveira em
ciclo da
vida) que, sem esta percepção, não se conferiria.
A caveira, em meio aos dois promissores jovens, nos adverte sobre a
finitude da vida, e transforma este retrato duplo em uma espécie
de vanita,
ao estilo de Holbein.
Partes desta obra foram apropriadas (ver Apropriação)
para A Mansão de Quelícera - seus instrumentos
cartográficos aparecem no Porão e o alaúde contribui
para o baile do Salão de Baile.
>>
ver
Interpretação detalhada sobre esta obra (em inglês)
>>
ver a imagem no jogo
Atualização em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador