Aranha
Como
tantos outros desenhos a carvão de Redon, Aranha foi realizado
posteriormente em litografia
(1887). Neste desenho, somos surpreendidos pelo rosto da aranha que,
partindo de tons escuros, revela feições humanas e expressa
um leve sorriso, resultando em um ser estranho, uma figura fantástica,
própria do simbolismo
de Redon.
Essa fase da obra do artista, monocromática,
que ele mesmo denominou Negros, contém sombras e linhas próprias
das técnicas que usava em seus desenhos (carvão e grafite)
e gravuras (lápis litográfico). Em Aranha encontramos
a combinação de tons e linhas, e o volume do corpo ganha
forma por meio do sombreado e suas variações tonais. A
pequena área escura, no centro superior do papel, é sustentada
com muita leveza por pernas que parecem se mexer diante de nós.
Essa animação virtual está expressa nas linhas
que desenham as pernas, formando ângulos e ondulações.
O movimento é reforçado pela construção
da composição em diagonal, intensificando a impressão
de deslocamento. A perspectiva do chão quadriculado define o
espaço deste ser imaginário.
A aranha é conhecida pela sua habilidade na tecedura de sua teia,
cujos fios são produzidos por ela mesma, com o material de suas
glândulas, as fiandeiras. Por essa razão, na Índia,
a aranha é o ser que tece o mundo sensível e simboliza
a ordem cósmica. Na Bíblia, graças a pouca resistência
da teia ao toque humano, a aranha é símbolo de fragilidade.
No islamismo, as aranhas pretas são ruins, as brancas, são
boas. Por tantas razões a aranha tem significados diversos, muitas
vezes opostos, dependendo da cultura que a toma como tema.
A forma como Redon nos apresenta a aranha remete a um mundo fantástico,
de sonhos. Ela é ali um ser ágil, com características
impróprias a sua natureza, e em relação ao espaço
parece um ser gigantesco, e tudo isso nos intriga (assim como em Ciclope,
em que Redon explora o simbolismo do gigante). Evidenciando ainda mais
este paradoxo da imagem, a aranha apresenta um sorriso dissimulado.
Por tudo isso, a imagem se apresenta como um enigma e, como todas as
obras de Redon, não fala por obviedades, não se reduz
a simples associações metafóricas. O seu sentido
se faz em uma relação complexa entre a imagem e os universos
imaginários, únicos, de cada espectador que entra em seu
jogo enigmático.
Em A Mansão de Quelícera, esta imagem faz referência
a própria Quelícera - meio mulher, meio aranha. Foi apropriada
para compor o fundo de um dos corredores ao qual o jogador tem acesso
a partir da Masmorra da Mansão.
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veja a imagem no jogo
Atualização em 30/01/2206.
Apresentação
do Site do Educador