Borboletas
A
amizade de Redon com Armand Clavaud, botânico e grande conhecedor
de literatura e ciência, introduziu o artista ao conhecimento
da literatura antiga e contemporânea, assim como da biologia e
do mundo vegetal. Esses universos foram fontes para a criatividade do
artista, e as flores em especial despertaram o interesse de Redon no
último período de sua Obra. Dessa natureza colorida, Redon
trouxe outros seres desse habitat, como as borboletas.
Aqui cada inseto ganha um colorido próprio e voa num espaço
indefinido de grande luminosidade, situação muito própria
da vida desses seres diurnos que são atraídos pela luz.
Não são encontradas referências representativas
de céu, nuvens ou sol nesta imagem. Redon preferiu explorar os
recursos próprios da pintura e do desenho. Por exemplo, a espacialidade
foi definida apenas pela diferença de tamanho das borboletas,
e a composição, aparentemente aleatória, baseou-se
no movimento espontâneo e aparentemente desordenado do vôo.
Devido a sua metamorfose – de ovo a lagarta, de crisálida
(presa a um envoltório) a um inseto alado e colorido –
a borboleta é símbolo da alma e da imortalidade. Redon
expressou a essência desse leve e belo inseto pelas cores. A cor
define as formas e concentra nossa atenção. Para isso,
ele empregou um número muito variado de combinações
cromáticas que enriquecem a composição, ora com
um vermelho intenso, ora com um amarelo quase puro, ora com azuis. Criou
detalhes que dão um aspecto muito peculiar a cada uma destas
borboletas, cada uma reivindica o nosso olhar.
Não há indícios explícitos nesta obra em
relação ao seu significado místico. A abertura
a significados simbólicos, no entanto, é característica
nas obras de Redon. Ele não apelava para as alegorias,
seu interesse estava no exercício da criação imaginativa,
tanto do artista em seu fazer, como do espectador em sua experiência
interpretativa. A referência do artista não era o mundo
exterior, mas o seu mundo interior, sua expressão. A imagem de
Borboleta, por exemplo, plasma um mundo inventivo e alegre. Este mundo
é próprio do período no qual o artista dedicou-se
à cor. Após seu período Negro (ver Le
Juré), percebemos aqui um Redon renovado, que
nos mostra sua complexidade poética ao se apoiar em paradoxos,
arriscando-se no trânsito entre morte e vida para construir sua
linguagem. Suas borboletas emanam vida. A diversidade visual da espécie
aqui apresentada mostra-nos que, muitas vezes e por mais paradoxal que
possa parecer, é a multiplicidade que nos une.
No jogo A Mansão de Quelícera, as borboletas aparecem
(ver Apropriação)
para um desafio, ao qual o jogador do personagem Vivian tem acesso a
partir do quarto de banho da Mansão.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador