O
Retrato de Don Diego de Acedo
Don
Diego de Acedo, conhecido como "el Primo", foi um anão
que trabalhou em uma das Secretarias da corte espanhola - ao contrário
da maioria dos anões da época (ver O
Bobo da Corte Sebastián Morra).
No
quadro, o personagem está manuseando enormes livros que contrastam
com o seu tamanho e que, pela forma como são apresentados, sugerem
a instantaneidade da cena. Na relação ali estabelecida
entre a deficiência física e a habilidade mental (explicitada
pela intimidade do personagem com os livros) reside um dos aspectos
humanos desta obra. Provavelmente o personagem conhecia muito bem as
zombarias diversas que o rebaixavam, tanto de sua posição
na corte como de sua condição humana. Mesmo assim, Velázquez
teve a perspicácia de observar as singularidades do personagem
que era anão, tipo desqualificado no contexto social e cuja miséria
era reforçada pela caridade e comiseração alheia.
Diferente do que ocorria nos retratos clássicos (ver Retratos),
a cabeça do personagem, ovalada, não foi posicionada frontalmente.
O bigode e o cavanhaque, na continuidade da grande mancha escura que
compõe a roupa, ajudam a fixar nossos olhos na larga testa iluminada
e, conseqüentemente, no olhar de Don Diego de Acedo. Ele olha sério,
com uma tristeza indefinida. A leve inclinação do chapéu
preto acentua a expressão triste, e a figura se mostra possuidora
de uma certa melancolia. As manchas de cor no rosto e na roupa, assim
como as soltas pinceladas que formam a paisagem, mostram uma realidade
construída com luz e cor, característica do período
maduro da carreira do artista. A obra mostra uma concepção
espacial aberta, ausência de contornos definidos e massas de cor
e luz que constroem a profundidade do quadro, características
comuns da arte Barroca.
A luminosidade da pintura de Velázquez é muito própria
das técnicas que ele desenvolveu (ver Iluminação).
Na base de sua pintura e nas últimas camadas usava pigmentos
moídos grosseiramente. Isso permitia que a luz natural, que chegava
à superfície da tela, fosse refletida e dispersada. Assim,
os nós do tecido da tela ficavam bem aparentes e a cor refletia
ainda mais.
Em A Mansão de Quelícera este retrato aparece como
quadro (ver Apropriação)
em uma salinha, no canto esquerdo do ambiente Hall. O personagem Anão
costuma visitar o lugar durante a noite, sem que ninguém o veja.
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Atualização em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador