Giuseppe
Arcimboldo
(1527-1593), Milão – Itália.
Arcimboldo
trabalhou inicialmente com seu pai, no vitral
da catedral de Milão. A partir de 1562 morou em Praga, então
capital do reino da Boêmia e hoje da República Tcheca,
onde consolidou sua carreira como artista. Serviu na corte de Fernando
I e de seus sucessores, Maximiliano II e seu filho Rodolfo II, grandes
mecenas.
Arcimboldo foi admirado como artista pelos três monarcas, tornou-se
pintor da corte e chegou a ser nomeado Conde Palatino. Praga transformou-se
no século XVI, principalmente por causa de Rodolfo II, em um
dos maiores centros culturais da Europa, de intensa e diversa atividade
cultural e científica. Seus governantes eram vistos, além
de seus domínios, como simpatizantes do exótico. Nesse
contexto, as singularidades da arte de Arcimboldo encontraram solo fértil
para florescer.
Um exemplo, que explicita o ambiente cultural singular de Arcimboldo,
é a Câmara de Arte e Prodígios, um núcleo
de museu de Praga. Durante os reinados de Maximiliano II e Rodolfo II,
com a ajuda de Arcimboldo, este núcleo teve sua atenção
focada em achados exóticos. A Câmara reunia os mais diversos
objetos estranhos, registros de pessoas com anomalias físicas
(desde anões até gigantes), animais, frutas, legumes de
diversas espécies, provindos de todos os continentes. Ali Arcimboldo
teve condições de fazer estudos para suas obras, observar
o pormenor de cada elemento representado, representando-os em seus mais
ricos e finos detalhes.
No contexto histórico de Arcimboldo - posteriormente denominado
Maneirismo
- a ênfase no aspecto espiritual da arte foi recorrente, como
podemos ver nas obras de El
Greco e Tintoretto.
No entanto, estes dois artistas estiveram ligados à religiosidade
católica e Arcimboldo não. Mesmo sendo Praga uma corte
católica, ela tinha total independência em relação
à Igreja Romana e seus monarcas eram de grande tolerância
em relação a outras religiões e crenças.
Ali conviviam juntos judeus, cristãos e oculistas.
O ocultismo foi uma referência importante para Arcimboldo, como
vemos em suas paisagens antropomorfas - nas quais corpos e faces humanas
são sugeridos pela representação dos relevos, das
árvores, das pedras, e de outras coisas de uma paisagem - e em
suas séries ligadas à natureza, por exemplo, em uma das
séries de estações do ano feitas para Maximiliano
II: Primavera, Verão,
Outono e Inverno. Nestas, o artista fez referência
ao gênero do retrato,
preservando a opulência do retrato cortesão, mas construiu
seus personagens a partir de imagens da fauna e da flora, elementos
que, no século XVII, estariam presentes no novo gênero
da natureza
morta. A diversidade de possibilidades de interpretação
a partir das composições "estranhas" de Arcimboldo
é um dos motivos que levaram, durante muito tempo, ao seu esquecimento
pelos historiadores. Existe em sua Obra uma identidade dual, tanto no
jogo visual que proporciona - bastante explicito na obra O
Cozinheiro -, como em um jogo de sentidos ocultos que
ele sugere - ponto que relaciona o artista com seu antecessor, Bosch.
Hauser fala de Arcimboldo como um "maneirista pervertido"
e estabelece conexões entre ele e o movimento modernista do Surrealismo.
Assim como foi com a maioria dos artistas maneiristas, após a
morte de Arcimboldo o interesse por sua obra diminuiu, chegando quase
ao esquecimento, talvez pela estranheza que podem causar suas imagens.
Foi apenas no século XX que este e outros maneiristas foram resgatados,
recebendo a atenção e o valor que merecem.
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Textos biográficos do artista e de Rodolfo II. Bom banco de imagens
(em inglês e polonês): http://www.arcimboldo.art.pl/
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Biografia e banco de imagens, imagens com boa resulução
(em inglês): http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/a/arcimbol/
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Breve bibliografia e razoável banco de imagens (em espanhol):
http://www.cossio.net/actividades/pinacoteca/p_02_03/arcimboldo.htm
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Site
sobre imagens surreais, com razoável banco de imagens sobre o
artista (em inglês):
http://www.illumin.co.uk/svank/biog/arcim/arcidx.html
Atualização
em 17/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador