A
leiteira
Vermeer
costumava retratar personagens femininos da sociedade holandesa de sua
época em momentos de distração , como vemos em
A tocadora de viola.
Além destas cenas de lazer e descanso, Vermeer representou também
mulheres no momento do trabalho doméstico (ver Pintura
de Gênero). Na Holanda do século XVII, o trabalho
doméstico foi profissionalizado, tanto pelas camadas altas quanto
pelas médias da sociedade, ficava a cargo de mulheres especialmente
empregadas para cuidar da família e do lar (como foi bem representado
no filme Moça com brinco de pérola, Inglaterra,
2003, direção de Peter Webber). Para a classe mais popular,
esta era uma opção de um segundo trabalho, além
dos cuidados com o seu próprio lar. Em A Leiteira, Vermeer
nos oferece um instante do cotidiano de trabalho de uma camponesa em
seu ambiente próprio - o que se revela pelos detalhes de pequenos
buracos e rachaduras nas paredes. A cena é comum e a clara quietude
do ambiente é o elemento responsável por dar vida a tudo
que nele encontramos.
A camponesa está absorta em sua tarefa que, certamente, é
diária. A intimidade da rotina é revelada pela tranqüilidade
com que a ação acontece. Inexiste qualquer elemento dinâmico
na composição. A camponesa é uma figura serena,
segurando delicadamente uma jarra com leite. A cena é silenciosamente
iluminada. A luz chega pela janela e banha todo o ambiente, estendendo
um brilho ao conjunto.
Nesta pintura, Vermeer usa empastes densos, com a tinta espessa e granulosa.
A técnica do pontilhado (pequenos pontos de cor) aparece, como
em Vista de Delft.
A perspectiva interior é bem desenhada em sua geometria, assim
como a dos objetos, revelando uma nítida organização
espacial bem elaborada no encontro das formas. A mesa, os pães,
as cerâmicas e a mulher compõem um conjunto harmônico,
nas cores e nas formas. A realidade está pintada de maneira veemente,
dando um aspecto sincero e veraz à composição;
o artista extrapola o naturalismo
e alcança o realismo
nesta cena. As cores predominantes na roupa e nos panos são o
amarelo e o azul, complementares,
cuja combinação foi muita usada pelo artista, como na
roupa da personagem do quadro Mulher
sentada ao virginal.
Van
Gogh, no século XIX, ficou impressionado com as fortes cores
e a textura desta obra, assim como com seu aspecto realista.
Em A Mansão de Quelícera vemos alguns elementos
desta pintura sobre o balcão da Cozinha (ver Apropriação)
- um pão inteiro e os pedaços de outro, além do
jarro de porcelana azul sobre a mesa - juntamento com fragmentos da
obra Cristo
na casa de Marta e Maria,
de Velázquez.
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Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador