Mulher
sentada ao virginal
Esta
é uma das últimas obras de Vermeer. Nesse período,
a luz em suas pinturas ilumina partes da composição, diferente
da iluminação que encontramos em A
leiteira, por exemplo, na qual todo o ambiente está
iluminado.
A luz (sobre as formas de abordar este elemento visual, ver Iluminação),
que incide sobre os objetos, dá solidez às formas. O desenho
dos instrumentos musicais é formado pelo grau de luminosidade
de cada plano, que se encontram e definem os contornos. O plano escuro,
ao fundo do violoncelo e do virginal, contrasta com estes objetos, trazendo-os
para perto. A presença de sombras transparentes e de brancos
suaviza a relação entre as cores, em particular entre
os azuis frios e os amarelos e ocres alaranjados.
A forma de caixa retangular do virginal, inserida na perspectiva da
sala, cria uma relação espacial de equilíbrio entre
a figura e o ambiente. Todos os elementos se relacionam numa construção
organizada, da qual participam formas geométricas, orgânicas,
linhas verticais, horizontais, curvas e diagonais. A concepção
formal do quadro é claramente ordenada, seguindo os padrões
de equilíbrio da arte clássica
- característica presente em toda a obra de Vermeer.
Na parede encontramos pendurado A Alcoviteira, quadro do artista
holandês Dirck van Baburen (1595-1624), que pertenceu à
sogra de Vermeer (não se sabe se o original ou uma cópia).
Talvez por isso ele conhecesse muito bem essa pintura de Baburen, pois
a encontramos em outra de suas obras, O concerto.
Acredita-se
que Vermeer morou com sua sogra, que tinha uma boa condição
econômica e mantinha uma casa com onze cômodos.
No quadro Mulher sentada ao virginal, a jovem figura feminina
veste uma roupa elegante e abundante em tecidos minuciosamente pintados
em suas pregas volumosas, criando uma área de interesse para
o nosso olhar. A cor azul da parte de cima do vestido possui muito brilho
e se harmoniza com a parte amarela da roupa que está na sombra.
A pele alva e muito lisa da personagem dá uma certa artificialidade
à expressão do rosto e à representação
dos braços.
O momento de solidão da figura é quebrado pelo seu olhar
voltado para aquele que chega repentinamente - o artista, o espectador.
O violoncelo no primeiro plano nos remete a possibilidade de uma outra
presença, que acomodou ali seu instrumento para um breve momento
de ausência - veja também o texto Instrumento
Musical.
O
violoncelo desta obra foi apropriado (ver Apropriação)
para A Mansão de Quelícera, e está em meio
a outros instrumentos no Salão de Baile. Juntos, eles acionam
o "grande baile" que revela habitantes encobertos e dá
acesso ao Sótão da Mansão.
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Atualização em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador