As
Três Idades do Homem e a Morte
Era
recorrente no contexto medieval
a idéia da morte como castigo divino, seguindo a tradição
do Apocalipse. De qualquer forma, não faltavam justificativas
para a dificuldade de manter-se vivo naquele momento histórico:
as pestes freqüentes e as condições sanitárias
e médicas de extrema insuficiência, a subnutrição,
a falta de higiene, a promiscuidade, as revoltas sociais e as guerras
políticas e religiosas. No século XV, a
morte manteve-se frequente e arrastou consigo o imaginário popular
medieval. Artista como Baldung trabalharam sobre o tema (ver Ciclo
da Vida) criando alegorias
que falavam
sobre o terror
da finitude da vida, a morte implacável chegando e colocando
fim às ilusões mundana, esteja a vítima na idade
em que estiver.
Na obra encontramos a morte representada por uma figura calva, desdentada,
com todo o esqueleto à mostra sob uma fina camada de pele, quase
ausente de carne e músculos, e que traz em uma das mãos
uma ampulheta. A ampulheta evoca a idéia da brevidade da vida,
a velocidade fugaz do tempo da qual nada escapa. Tudo envelhece de forma
implacável.
A velha está de braços alçados com a morte, como
se esta já estivesse ali para levá-la. A proximidade entre
as duas é tamanha que a morte parece descolar-se do próprio
corpo da velha. Ao mesmo tempo, a velha persiste contemplando a jovem
e procura puxá-la consigo. A jovem reluta - ainda não
se deu conta do caráter inevitável daquele fim.
Aos pés das mulheres encontramos um bebê recém nascido
que, mesmo em um sono tranqüilo, segura algo que parece o cabo
quebrado da foice da morte, tornando mais evidente o caráter
cíclico do tema. Ao mesmo tempo em que nasce, passamos a estar
ligados à morte.
Ao
lado da criança, uma coruja enigmática fita o espectador
- será que nos indica a possibilidade de um escape pela sabedoria?.
Além deste, outros dois olhares inquisitivos direcionam-se ao
espectador: o da jovem, que parece encomodada com algo, e o da própria
morte, em uma tentativa de sedução.
A paisagem em que se ambienta a cena é igualmente mórbida:
o solo está ressecado, demonstrando uma desolação
total, e ao fundo aparece uma arvore seca, já morta. Tudo remete
à idéia do fim implacável.
Todos os
personagens desta pintura passaram a fazer parte da trama do jogo de
Quelícera (ver Apropriação),
atuando como peças para o desenlace dos mistérios da Mansão.
A Coruja aparece no Claustro
e dá boas dicas aos jogadores. O bebê, a jovem e a velha
são peças-chave nos quartos do "Enigma das três
idades", ao qual o jogador tem acesso passando pelo Porão.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador