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Hans Baldung Grien
A jovem e a morte, 1510, 44,5 x 37,2 cm. Museu de Belas Artes, Bruxelas – Bélgica.

 

A jovem e a morte

O século XVI foi conturbado na Europa Setentrional por revoltas populares relacionadas à Reforma e pela devastação provocada pelas pestes. A morte estava presente no dia-a-dia e só vinha a reafirmar o imaginário popular de tradição medieval arraigado naquela região, povoado por crenças, visões, seres sobrenaturais e de tendência maligna. Nesse contexto, as reflexões sobre a brevidade tornaram-se recorrentes na arte e eram chamadas de vanitas.

A morte foi um dos temas mais tratados por Baldung em suas alegorias, nas quais ele a justapunha com a vida, a juventude, a beleza, a sensualidade e a vaidade. Pelo contraste, Baldung deixou bastante explícito o cunho moralista destas imagens. Na que vemos aqui, a morte aparece como um esqueleto que, surpreendentemente, está desacompanhado de sua foice - diferente da composição As três idades do homem e a morte. Ela ronda, de forma dissimulada, a jovem e bela mulher.

A jovem é mostrada com uma pele alva e delicada, contrastando fortemente com o fundo escuro do qual surge a morte. Suas jóias, feitas de grandes rubis e de ouro, e o chapéu, de suave curvatura, enfatizam a sensualidade do seu corpo nu. Até o seu olhar é sedutor. Os contrastes ficam mais explícitos quando percebemos o bebê no colo da jovem. Este personagem parece desarticulado na cena, não apenas por ter seus olhos vendados - o que pode sugerir inocência -, mas pelo fato da jovem não expressar a postura madura e recatada esperados de uma mãe (principalmente se tomarmos como referência as representações de maternidade na Europa Católica, através da temática bíblica da Virgem acompanhada do menino Jesus). Sequer vemos ali um afago maternal. A almofada vermelha, bordada em dourado, separa a mão da jovem do corpo frágil do bebê, que se sustenta agarrado nos cachos do cabelo dourado desta jovem sedutora.

É a leve inclinação que a jovem faz com a cabeça que, além de sugerir mais simpatia a sua imagem, abre espaço para que a morte apareça em seu retrato - tão desejosa de sua juventude. As cartas já foram dadas desde sua tenra idade, como nos lembra a presença do bebê, agora é apenas uma questão de tempo. O bebê, em seu primeiro estágio da vida, não tem visão do futuro maligno que o espera, mas a jovem tem essa consciência. Mostra-se aqui absorta em sua vaidade, não considerando que a morte pode não tardar (ver também Ciclo da Vida).

A apropriação desta obra para o jogo desempenha um papel importante na trama. Ela aparece no Claustro como um quadro e atua como retrato de Estrela, irmã de Quelícera.


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Atualização em 30/01/2006.

Apresentação do Site do Educador



As três idades e a morte


Felipe - o Belicoso


O Cavaleiro, a Moça e a Morte


Mulher com livro de música