Mulher
com cafeteira
O
retrato
desta mulher revela a impessoalidade com que Cézanne trabalhava
seus quadros. Para ele, as formas de uma maçã, árvore
ou de uma cabeça possuem uma estrutura através da qual
manifestam sua existência. Desde o momento em que se distanciou
do Impressionismo,
ele adotou um processo de profunda meditação perante a
natureza das coisas, denominado análise construtiva. Cézanne
resgatou o desenho e a composição, desvalorizados pelos
impressionistas. A forma passou a ser construída pela cor, combinando
uma área de cor com as áreas contíguas de outras
cores, como o vestido azul da mulher desta obra, modelado pelas relações
de tons.
Esta obra pertence à maturidade artística do pintor, momento
em que cria um tipo de linguagem pictórica que condensa toda
a objetividade de construção de uma imagem. O bule, a
xícara e a mulher parecem pertencer à mesma natureza de
objetos estáticos. A mulher se transforma em um volume. Há
uma total integração dos elementos através da cor.
O cabelo recebe exclusivamente um tratamento de cores, não encontramos
sinais de textura. O rosto, antes de qualquer detalhe que possa deter
o olhar, é uma massa de cores. O mesmo tratamento cromático
da porta encontra-se no rosto, mudando apenas as cores, separando um
plano do outro. O bule e a xícara estão na posição
que melhor evidencia sua forma cilíndrica. As verticais do fundo
estão levemente inclinadas, quebrando o paralelismo dos planos
da composição, dando certa obliqüidade ao último
plano. A figura imóvel da mulher revela o sentido penetrante
da arte de Cézanne, decorrente da autonomia expressiva que concretiza
em sua pintura.
Cézanne buscou separar o ato de ver, da emoção
do ver, isto é, ater-se à natureza como uma imagem que
deve ser construída com certa ordenação. Com essa
concepção, no distanciamento emocional com que pintava
as figuras humanas, de nada lembra os retratos barrocos
de Velázquez.
Por mais que o artista afirmasse querer resgatar a "solidez da
arte dos museus", o não envolvimento emotivo que tinha com
o tema o distancia da poética daqueles artistas. No geral, a
obra de Cézanne é marca de um artista solitário
e emocionalmente contido, obstinado por questões visuais. Nesse
sentido, a obra Pirâmide
de crânios é reveladora.
Esta imagem foi apropriada
para A Mansão de Quelícera, e está em uma
das paredes do Salão de Baile, como um quadro. A cafeteira e
a xícara também aparecem no Claustro, sobre a mesa de
cabeceira.
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Atualização
em 30/01/2206.
Apresentação
do Site do Educador