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Paul Cézanne
Natureza-morta com maçãs e laranjas, 1895-1900, óleo sobre tela, 74 x 93 cm. Musée d’Orsay, Paris – França: www.musee-orsay.fr
 

Natureza-morta com maçãs e laranjas

Para criar suas naturezas-mortas, Cézanne estudava atentamente a disposição dos objetos que iria pintar. Apesar desse cuidado, a ordenação dos elementos resulta despretensiosa, como neste quadro Natureza-morta com maçãs e laranjas. O artista não pretendeu realizar uma representação naturalista, mas propositadamente expressou-se pelo artificialismo da própria pintura. Cézanne não utilizou o mesmo ponto de vista para construir a perspectiva e preencher o espaço da tela, como ocorre na perspectiva científica. Antes trabalha em diferentes pontos de vista, produzindo vários planos, e permitindo uma angulação de visão diversificada dos objetos. Esse conceito de ponto de vista múltiplo atingirá sua plenitude no Cubismo. Mas, já aqui, a distorção resultante reforça o entendimento de que existe uma grande distância entre realidade e visão, entre o objeto e a imagem criada a partir dele, questão já levantada pelo Impressionismo.

Nesse quadro, as maçãs e laranjas são simplificadas em formas esféricas, definidas pela cor. Basicamente o amarelo e o vermelho modelam a fruta, tornando forma e cor uma única coisa. Assim, em vez da maçã ser uma forma colorida, a cor é usada para formar a imagem da fruta. Uma famosa frase do artista sintetiza seu pensamento sobre a cor: “Quand la couleur est à sa richesse la forme este à sa plenitude”, ou seja, “quando a cor atinge sua riqueza, a forma atinge sua plenitude”. Cézanne incorpora a luz na cor, uma abordagem da iluminação nova na época de Cézanne. Para ele, o volume das formas não depende mais do claro-escuro tradicional. São as cores as responsáveis pela sensação de avanço e recuo das superfícies, como vemos nas frutas desta imagem. Os tecidos, toalhas e cortinas dão um vigor especial ao conjunto, suas dobras criam uma sucessão de planos que se articulam uns com os outros e dão solidez à composição.

Cézanne resgatou o gênero de pintura de natureza-morta, que havia sido abandonado no século XIX. Diferente das obras do início deste gênero, durante o período
barroco, que, juntamente com as chamadas pinturas de gênero, visavam abordar o cotidiano da classe média em ascensão, Paul Cézanne encontrava na natureza-morta ótimas condições para desenvolver seu trabalho, na medida em que tinha maior liberdade de interação com o seu modelo. Diz-se que, muitas vezes, o tempo que o artista levava para realizar uma destas obras era tão prolongado que as frutas chegavam a apodrecer. Além disso, por seu aspecto trivial, tais temas eram bastante compatíveis com as pesquisas objetivas de Cézanne, a busca de reter a essência formal de cada personagem de sua obra sem envolvimentos de outras ordens. Através desses seres inanimados, o artista alcançou a existência duradoura que tanto almejava.

Esta obra foi apropriada pela equipe de criadores do jogo A Mansão de Quelícera e aparece em duas situações. Primeiro, no ambiente do Claustro, sobre uma mesa colocada em primeiro plano. Segundo, como um desafio, na passagem da Sala de Jantar para a Cozinha, onde o jogador tem que definir qual os objetos corretos desta composição.

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Atualização em 30/01/2206.

Apresentação do Site do Educador





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