Auto-Retrato
com 23 anos
Os auto-retratos de Rembrandt formam um capítulo singular na
História da Arte. Além do grande número de retratos
realizados, o artista retratou-se nos diferentes períodos de
sua vida (juventude, maturidade e velhice) marcando as diferentes leituras
que fazia de si mesmo ao longo dos anos. Rembrandt revela não
apenas as mudanças que a vivência trouxe ao seu aspecto
físico, mas essencialmente ao seu espírito interior.
Nesta obra vemos uma figura jovem e ingenuamente vaidosa. A gola da
roupa, de característica militar, dá uma certa formalidade
à aparência pessoal. A fisionomia jovial de frente para
o espectador e com a metade do rosto iluminado valoriza a postura do
conjunto. O cabelo de Rembrandt apresenta-se suave nos seus tons castanhos,
ganhando especial beleza através dos fios alourados pela luz,
formando uma expressiva mecha que pende sobre sua testa. A vivacidade
da juventude, com seus desejos e ambições, está
contida no olhar confiante do artista. A pintura apresenta um realismo
muito admirado pelos holandeses da época.
Este auto-retrato do início de sua carreira atesta a importância
da iluminação
em sua linguagem. O contraste entre sombra e luz divide seu rosto
em duas partes, formando uma linha invisível que realça
a verticalidade da figura. A sombra da cabeça no plano de fundo
ressalta a face iluminada e acentua a expressividade do conjunto facial.
Os tons terrosos que predominam no quadro, junto com a luz da composição,
resultam em um pequeno plano retangular iluminado, para onde a atenção
do nosso olhar é concentrada. O olhar percorre a gola branca,
passando pelos lábios ligeiramente avermelhados e vai até
a mecha loura de cabelos.
Desde cedo Rembrandt estudou a luz para sublinhar o que lhe era mais
significativo em suas obras, seja o conteúdo das narrativas religiosas
(ver Claustro),
seja a expressão e misticismo dos retratos
(e auto-retratos) e das pinturas
de gênero. A luz é o instrumento com o qual Rembrandt
interpreta a si mesmo e aos outros. Suas interrogações
acerca da alma humana ficam evidentes nos retratos que fez de si. Mesmo
tão jovem, aos 23 anos, ele já intuía que a sua
própria auto-imagem retratada seria o testemunho mais fiel de
sua biografia.
Em A Mansão de Quelícera esta obra foi apropriada
como um dos quadros expostos nas paredes do Salão de Baile.
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Atualização em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador