O Boi Abatido
Na
produção artística de Rembrandt, encontramos poucas
obras realizadas como Pintura
de Gênero. O Boi Abatido, mesmo dentro desta categoria,
destaca-se pela peculiaridade e originalidade do assunto escolhido.
Realizada na fase madura do artista, é uma pintura na qual Rembrandt
exercitou todo seu conhecimento e habilidade técnica a fim de
conferir uma plasticidade
singular
à obra: nos efeitos de luz e cor, nas pinceladas e na ousada
representação do corpo de um boi abatido e desossado.
O quadro está construído em função do grande
e pesado animal carneado. O detalhe da presença de uma mulher,
olhando por uma porta entreaberta ao fundo do ambiente, confere um maior
realismo à cena. O ambiente é sombrio e, mesmo funcionando
como um cenário construído para receber o corpo do animal,
dá-nos a perfeita idéia de uma peça subterrânea
e fria, onde a carne está protegida de elementos externos, insetos
e outros animais carnívoros.
A "massa" de carne, plasmada em primeiro plano e ocupando
boa parte da composição, foi tratada por Rembrandt com
uma gama de vermelhos e ocres, escurecidos por estarem colocados ao
lado de brancos, que conferem volumes e profundidades. Ao mesmo tempo,
os negros do fundo aquecem os vermelhos da carne e aumentam ainda mais
a claridade dos brancos. O resultado deste jogo cromático é
a sensação de corporalidade, percebida no animal morto.
Nesta pintura as mudanças de valor tonal das sombras do ambiente,
com reflexos de luz em pequenas áreas da arquitetura interna,
são usadas pelo artista para integrar visualmente as formas.
No início de sua carreira, a narrativa ocupava a atenção
do artista. Já nesta obra, inversamente, é o aspecto visual
que se destaca na obra e, até mesmo, suplanta uma possível
narrativa secular característica da Pintura de Gênero.
A plasticidade da tinta, aplicada de forma espessa, com vigorosas e
soltas pinceladas, é fundamental para a corporalidade da carne
representada. A luz fixada na imagem da carne mostra suas texturas fibrosas,
os músculos, as gorduras e os fragmentos de ossos aparentes em
toda a sua organicidade, não se deixando levar pelo detalhismo
mimético presente na obra de muitos de seus contemporâneos.
A luz sobre o corpo do boi destaca-o do fundo escuro e faz com que a
presença desse grande volume de carne crua seja incomodamente
bela aos olhos do observador (ver iluminação).
Em A Mansão de Quelícera esta obra foi apropriada
para a criação do ambiente da Despensa, ao qual o jogador
tem acesso através da Cozinha, após passar pelo obstáculo
da corrida contra as facas. Na pequena despensa, o boi está pendurado
e rodeado por moscas, preservando em parte o tipo de ambiente representado
por Rembrandt.
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Atualização em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador