A
Última Ceia
A
maioria das obras de Tintoretto é de temática religiosa,
representando os dogmas cristãos e o universo bíblico.
É o caso desta obra, em que a cena representada é o momento
primeiro do sacramento da comunhão, quando Cristo divide o pão.
Faz parte da última fase da carreira de Tintoretto e traz significativas
características do Maneirismo:
o alongamento das figuras, deixando-as altas e esbeltas; preenchimento
desigual do espaço representado, com algumas zonas onde as figuras
aparecem amontoadas e outras onde predomina o espaço vazio; a
"cena principal" acontece em um plano mais afastado e as figuras
colocadas em primeiro plano são "secundárias"
(serviçais) dentro da narrativa bíblica que deu origem
à obra. Na obra os apóstolos e até Jesus aparecem
como participantes, não como protagonistas, da ação.
Aqui acorre uma proposital desvalorização do individuo
em favor do grupo. A ênfase, que estaria em Cristo, é transposta
para o conteúdo maior ali tratado, o momento da "comum-união"
através da ceia. Cristo não se destaca nem pelo tamanho,
nem pela convergência do ponto
de fuga,
como ocorria na estética renascentista, por exemplo, na Última
Ceia de Leonardo Da Vinci (sobre composição renascentistas,
ver Hall).
Cristo emana uma luz fulgurante de sua cabeça que, assim como
a luz da lamparina central, ilumina os demais personagens e torna visíveis
os anjos que resguardam aquele momento sagrado.
A luz (sobre as formas de tratar esse elemento da linguagem visual,
ver Iluminação)
foi utilizada por Tintoretto como forma de ordenar a composição,
e é por isso um elemento vital nesta obra. Os contrastes entre
luz e obscuridade criam o caráter cósmico da obra, que
comove e enternece, e dão ao conjunto uma atmosfera de intensa
dramaticidade e espiritualidade.
O movimento, outro aspecto importante nesta composição,
dá-se pela concordância de linhas: tanto curvas, sugeridas
pelo posicionamento dos personagens, quanto retas, que convergem para
o ponto
de fuga no
canto direito da composição, explicitadas pelas linhas
da mesa colocada em posição diagonal.
No geral, o artista optou por uma ausência de detalhes, pela obscuridade,
coerentes com a estética anticlassicista de seu contexto histórico
(ver Porão).
Os anjos são representados de forma incompleta, desmaterializados,
como se fossem feitos de névoa. Nos personagens do mundo terreno,
o artista abre mão do naturalismo
em prol da plasticidade
e de um maior realismo.
Isso resulta em uma suposta "ausência de acabamento",
motivo de críticas negativas que recebeu de seus contemporâneos.
A
lamparina e os anjos de Tintoretto foram apropriados (ver Apropriação)
e resguardam um dos corredores de A Mansão de Quelícera
que dá acesso à Masmorra.
>>
veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador