A
cadeira de Paul Gauguin
No
fim do século XIX, houve um confronto entre os padrões
da arte acadêmica,
que se impunha até então, e o procedimento com base em
uma inspiração que não se sujeitava a nenhuma norma,
noção que esteve anunciada na idéia romântica
do artista como gênio. Van Gogh tentou estruturar uma comunidade
de artistas em Arles, na qual todos dividiriam custos, conhecimentos
e idéias próprias e inovadoras, mas isso nunca passou
de um sonho seu. Apenas seu amigo Gauguin,
que havia conhecido em Paris, ficou por alguns meses junto ao artista,
compartilhando o ateliê e a moradia, conhecida como a casa amarela
(a cor da luz). Esse foi um período de grande produção,
dentro do qual enquadra-se a obra aqui mostrada.
A Cadeira de Paul Gauguin é uma composição
simples, o ambiente e os objetos são da casa amarela. Van Gogh
descreveu esta obra ao seu irmão Théo: "A seguir
a cadeira de Gauguin vermelha e verde, efeito noturno, parede e assoalho
também vermelhos e verdes, sobre o assento dois romances e uma
vela. Em tela fina com empasto grosso".
O uso de cores
complementares
recebeu muita atenção do artista ao longo de sua produção
pictórica. No caso dessa pintura, o vermelho torna-se bem vibrante
e aquecido em alguns pontos do chão, por estar em contato com
o verde (azul + amarelo). Os tons marrons da cadeira tendem ao vermelho,
suas sombras são feitas em azul, enriquecendo a composição
cromática do quadro. O lampião, na parede, ilumina o interior.
Ele não segue os padrões naturalistas
nem na cor, nem no espaço, que rompe com a perspectiva
ilusionista.
Encontramos a marca expressiva de Van Gogh nesse quadro. Há um
ritmo no chão, criado pelas pinceladas que, na medida em que
se aproximam do observador, aumentam a tensão decorrente da relação
entre as cores. Observa-se também uma certa irregularidade nos
contornos, e os traços azuis dão vigor e prendem o olhar
à imagem da cadeira quase vazia do amigo. O quadro torna-se a
própria cadeira que não deixa dúvidas de sua existência.
É a força vital de Van Gogh que encontramos na pintura
desses objetos através dos quais dialoga, pensando no amigo.
O artista transforma a cadeira num elo entre sua vida e a dele.
Em A Mansão de Quelícera esta cadeira foi apropriada
e aparece, como mobília, no ambiente Hall.
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Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador