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Vincent van Gogh
A cadeira de Paul Gauguin
, 1888, óleo sobre tela, 90,5 x 72 cm. Van Gogh Museum, Amsterdã – Holanda: www.vangoghmuseum.nl
 

A cadeira de Paul Gauguin

No fim do século XIX, houve um confronto entre os padrões da arte acadêmica, que se impunha até então, e o procedimento com base em uma inspiração que não se sujeitava a nenhuma norma, noção que esteve anunciada na idéia romântica do artista como gênio. Van Gogh tentou estruturar uma comunidade de artistas em Arles, na qual todos dividiriam custos, conhecimentos e idéias próprias e inovadoras, mas isso nunca passou de um sonho seu. Apenas seu amigo Gauguin, que havia conhecido em Paris, ficou por alguns meses junto ao artista, compartilhando o ateliê e a moradia, conhecida como a casa amarela (a cor da luz). Esse foi um período de grande produção, dentro do qual enquadra-se a obra aqui mostrada.

A Cadeira de Paul Gauguin é uma composição simples, o ambiente e os objetos são da casa amarela. Van Gogh descreveu esta obra ao seu irmão Théo: "A seguir a cadeira de Gauguin vermelha e verde, efeito noturno, parede e assoalho também vermelhos e verdes, sobre o assento dois romances e uma vela. Em tela fina com empasto grosso".

O uso de
cores complementares recebeu muita atenção do artista ao longo de sua produção pictórica. No caso dessa pintura, o vermelho torna-se bem vibrante e aquecido em alguns pontos do chão, por estar em contato com o verde (azul + amarelo). Os tons marrons da cadeira tendem ao vermelho, suas sombras são feitas em azul, enriquecendo a composição cromática do quadro. O lampião, na parede, ilumina o interior. Ele não segue os padrões naturalistas nem na cor, nem no espaço, que rompe com a perspectiva ilusionista.

Encontramos a marca expressiva de Van Gogh nesse quadro. Há um ritmo no chão, criado pelas pinceladas que, na medida em que se aproximam do observador, aumentam a tensão decorrente da relação entre as cores. Observa-se também uma certa irregularidade nos contornos, e os traços azuis dão vigor e prendem o olhar à imagem da cadeira quase vazia do amigo. O quadro torna-se a própria cadeira que não deixa dúvidas de sua existência. É a força vital de Van Gogh que encontramos na pintura desses objetos através dos quais dialoga, pensando no amigo. O artista transforma a cadeira num elo entre sua vida e a dele.

Em A Mansão de Quelícera esta cadeira foi apropriada e aparece, como mobília, no ambiente Hall.

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Atualização em 30/01/2006.

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