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Vincent van Gogh
Os comedores de batatas
, 1885, óleo sobre tela, 82 x 114 cm. Van Gogh Museum, Amsterdã – Holanda: www.vangoghmuseum.nl
 

Os comedores de batatas

Este quadro pertence à primeira fase da pintura do artista, desenvolvida na Holanda, sob influência do realismo do artista Millet. Van Gogh fez releituras de Millet, e também estudou desenho, anatomia e perspectiva em Bruxelas, complementando sua formação com leituras sobre o uso e o comportamento das cores. Nessa época, desenhou e pintou muitas paisagens holandesas, cenas de aldeia. Em Nuenen, pequena cidade holandesa onde morava sua família, realizou cerca de 250 desenhos, principalmente sobre a vida de camponeses e tecelões. Os comedores de batatas resume esse período. Assim como os pintores realistas, ele falou sobre a miséria e retratou a desesperança dessa gente humilde. Ele dizia que os camponeses deviam ser pintados com suas características rudes, sem embelezamento, ponto em que criticou e superou sua referência primeira, Millet.

Van Gogh salientou os traços grosseiros das mãos e das faces dos trabalhadores da terra. Em busca de intensidade dramática, explorou a potencialidade expressiva dos tons escuros, da luminosidade barroca (sobre luz barroca, ver iluminação e Despensa) e do pincel nervoso. Tais características seriam transformadas radicalmente a partir de sua ida a Paris, no mesmo ano.

Na carta a seu irmão Théo, quando se refere a esse trabalho, diz: "Apliquei-me conscientemente em dar a idéia de que estas pessoas que, sob o candeeiro, comem suas batatas com as mãos, que levam ao prato, também lavraram a terra, e meu quadro exalta portanto o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam tão honestamente”. Vemos aqui a consciência do conteúdo social tratado e a preocupação do artista em ser fiel à simplicidade dessas pessoas, não apenas mostrando a pouca comida, mas também a escassez de recursos, tanto na casa como nas roupas simples. Com esse sentimento verdadeiro e nada piegas em relação aos pobres e humildes trabalhadores, van Gogh nos faz “pensar num modo de vida totalmente diferente do nosso, de gente civilizada".

Van Gogh realizou diversos estudos para esse quadro, pintando cerca de quarenta cabeças de camponeses e desenhando diversas partes da composição. Foi sua primeira pintura composta por um grupo de personagens. Os camponeses, em torno da mesa, compõem uma cena fraterna, mas solidária. É o retrato de uma vida sofrida e árdua, tanto no trabalho diurno quanto no descanso noturno. Para van Gogh, a escuridão também era cor. Ele trabalhou as sombras com azuis que, junto ao interior pouco iluminado pelo lampião, dão um aspecto frio ao ambiente.

Em A Mansão de Quelícera, temos a citação (ver Apropriação) de um fragmento desta obra, o candeeiro, que está em uma das salinhas da Masmorra, acompanhada da Caveira de van Gogh e da Pirâmide de crânios de Cézanne.


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Atualização em 30/01/2006.

 

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