O
Escolar
A
arte acadêmica
valorizava temas históricos, religiosos e mitológicos.
A pintura nos gêneros de Paisagem
e Retratos,
quando retratava pessoas comuns, eram considerados gêneros inferiores.
No século XIX, os pintores ligados ao Romantismo
e ao Impressionismo
recuperaram a paisagem como um gênero de pintura de primeira ordem.
Por sua vez, Van Gogh trabalhou muito em retratos e auto-retratos. Produziu
cerca de 40 auto-retratos - um número inferior apenas ao de Rembrandt.
Realizou inúmeros retratos da família Roulin: o pai, O
carteiro Roulin (1888); sua esposa, La Berceuse (1889); e
O bebê Marcelle
Roulin. O Escolar é o retrato de Camille
Roulin, outro filho de seu amigo carteiro, pintado de memória.
Nesta pintura observa-se a busca expressionista
do artista, empregando cores fortes e pinceladas bem marcadas, no lugar
do uso de cores naturalistas.
Van Gogh pintava como sentia aquilo que seus olhos enxergavam, e usava
a cor para essa expressão - por isso a aparente forma arbitrária
de sua colocação. O fundo vermelhão gera, com o
azul claro e luminoso da blusa, uma carga intensa de vida na figura
do menino. Mas seu olhar, dirigido para baixo, demonstra um certo acanhamento.
Há uma tensão presente, criada pelo contraste entre a
vivacidade das cores e uma certa tristeza presente em seu olhar, assim
como entre a forte expressão da imagem da criança e o
sentido romântico da infância, cuja simbologia está
associada à inocência, à idéia de pureza,
de natureza intocada. A dor que vemos dramatizada na representação
deformada da mão do menino é tão intensa quanto
aquela que as palavras de Van Gogh mostram que ele viveu. Em tal medida,
impera aqui uma máxima artística: uma obra, de forma representativa
ou não, é sempre um auto-retrato de seu autor.
Quando Van Gogh esteve internado em um hospício, em Saint-Rémy,
as crises de alucinações às vezes chegavam em meio
a sessões de pintura. Apesar de toda a dor que a consciência
da doença lhe causava, o artista entendia que a pintura era o
seu melhor remédio. O trabalho sempre o absorveu completamente
e sua paixão interior encontrou na arte a válvula de descompressão,
o que lhe permitiu seguir adiante. Ele era um apaixonado pela natureza
e pela vida das pessoas simples. Num desses difíceis momentos,
após superar uma das crises, escreveu a Théo: "Pois
bem, sabe o que espero, uma vez que recomeço a ter esperanças?
É que a família seja para você o que para mim é
a natureza, os torrões de terra, a relva, o trigo amarelo, o
camponês, ou seja, que você encontre em seu amor pelas pessoas
motivo não só para trabalhar mas com que se consolar e
reerguer-se, quando necessário".
Em A Mansão de Quelícera esta imagem foi apropriada
(ver Apropriação)
e aparece como um dos quadros do Salão de Baile.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador