Caveira
Este
quadro foi pintado no período durante o qual Van Gogh morou dois
anos em Paris. O pintor foi descobrindo a capital francesa através
de suas telas. Ele pintou a paisagem e figuras características,
o subúrbio, conheceu muitos pintores, vários ligados ao
grupo dos impressionistas,
amigos com os quais freqüentava os cafés e cabarés
parisienses. Pintou ali mais de duzentos quadros, entre eles Caveira.
Esta caveira foi construída sobre um plano de tons amarelos,
alaranjados e ocres. Há um movimento nessa superfície,
dado pelas pinceladas ágeis, que mesclam tons escuros, formando
um leve redemoinho. A caveira estabelece um jogo visual com a superfície.
Não sabemos se está afundando, emergindo ou flutuando.
A sensação é incômoda. As cores são
bem mais vivas e claras do que as usadas no período inicial da
carreira do artista, como em Os
comedores de batatas.
Van Gogh pintou esta caveira superando a abordagem alegórica,
que parte de uma visão redutiva do tema da morte, tão
presente no Gótico
Tardio–
como vemos em Caveira
e crucifixo, de Weyden, e em outras alegorias da morte
(ver ciclo da vida). A abordagem de van Gogh tem mais proximidade com
a Pirâmide
de caveiras, de Cézanne, mas destaca-se pelas
suas singularidades. Van Gogh chegou a usar uma certa dose de humor
– como numa pequena tela em que retrata uma caveira com uma cigarrilha
entre os dentes. De qualquer forma, van Gogh não se furta do
conteúdo simbólico desta imagem.
Assim como fez em Natureza-morta
com Bíblia, o artista deixa transparecer a influência
cristã que teve. Desse ponto de vista, o crânio delineia
dois caminhos de reflexão em sua Obra: nossa condição
de mortal e a necessidade de abrigo para o espírito. Nas cartas
que escreveu ao irmão, já em Arles, percebe-se o quanto
van Gogh era descrente em relação aos valores materiais
da sociedade burguesa e como buscava resgatar sentimentos espirituais
na vida simples das pessoas, na compreensão da natureza e das
coisas (ponto em que a Obra de van Gogh encontra um cruzamento com a
de Vermeer):
“É certamente um estranho fenômeno que todos os artistas,
poetas, músicos, pintores, sejam materialmente infelizes –
inclusive os felizes – (...) Isto renova a eterna questão:
a vida é inteiramente visível para nós, ou antes
da morte só lhe conhecemos um hemisfério?”. Segue
seu pensamento: “na vida de um pintor, talvez a morte não
seja o mais difícil”.
Em A Mansão de Quelícera esta caveira foi Apropriada
e aparece em uma das salinhas da Masmorra.
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Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador