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Vincent van Gogh
Caveira, 1887, óleo sobre tela, 42,5 x 30,5 cm. Van Gogh Museum, Amsterdã – Holanda: www.vangoghmuseum.nl
 

Caveira

Este quadro foi pintado no período durante o qual Van Gogh morou dois anos em Paris. O pintor foi descobrindo a capital francesa através de suas telas. Ele pintou a paisagem e figuras características, o subúrbio, conheceu muitos pintores, vários ligados ao grupo dos impressionistas, amigos com os quais freqüentava os cafés e cabarés parisienses. Pintou ali mais de duzentos quadros, entre eles Caveira.

Esta caveira foi construída sobre um plano de tons amarelos, alaranjados e ocres. Há um movimento nessa superfície, dado pelas pinceladas ágeis, que mesclam tons escuros, formando um leve redemoinho. A caveira estabelece um jogo visual com a superfície. Não sabemos se está afundando, emergindo ou flutuando. A sensação é incômoda. As cores são bem mais vivas e claras do que as usadas no período inicial da carreira do artista, como em Os comedores de batatas.

Van Gogh pintou esta caveira superando a abordagem alegórica, que parte de uma visão redutiva do tema da morte, tão presente no
Gótico Tardio– como vemos em Caveira e crucifixo, de Weyden, e em outras alegorias da morte (ver ciclo da vida). A abordagem de van Gogh tem mais proximidade com a Pirâmide de caveiras, de Cézanne, mas destaca-se pelas suas singularidades. Van Gogh chegou a usar uma certa dose de humor – como numa pequena tela em que retrata uma caveira com uma cigarrilha entre os dentes. De qualquer forma, van Gogh não se furta do conteúdo simbólico desta imagem.

Assim como fez em Natureza-morta com Bíblia, o artista deixa transparecer a influência cristã que teve. Desse ponto de vista, o crânio delineia dois caminhos de reflexão em sua Obra: nossa condição de mortal e a necessidade de abrigo para o espírito. Nas cartas que escreveu ao irmão, já em Arles, percebe-se o quanto van Gogh era descrente em relação aos valores materiais da sociedade burguesa e como buscava resgatar sentimentos espirituais na vida simples das pessoas, na compreensão da natureza e das coisas (ponto em que a Obra de van Gogh encontra um cruzamento com a de Vermeer): “É certamente um estranho fenômeno que todos os artistas, poetas, músicos, pintores, sejam materialmente infelizes – inclusive os felizes – (...) Isto renova a eterna questão: a vida é inteiramente visível para nós, ou antes da morte só lhe conhecemos um hemisfério?”. Segue seu pensamento: “na vida de um pintor, talvez a morte não seja o mais difícil”.

Em A Mansão de Quelícera esta caveira foi Apropriada e aparece em uma das salinhas da Masmorra.


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Atualização em 30/01/2006.

 

Apresentação do Site do Educador




Natureza morta com Bíblia



Os Comedores de Batatas


Três pares de sapatos


O bebê Marcelle Roulin


Cadeira de Paul Gauguin


O Escolar



Terraço do café na Place du Fórum