Três
pares de sapatos
Van
Gogh pintou este quadro em Paris, porém há nesta imagem
a forte influência da vivência que o artista trouxe das
zonas rurais da Holanda. Chegou em Paris embebido em sua experiência
como missionário nas minas carboníferas da região
belga de Borinage, já tendo conhecido a miséria e a privação,
a fome e o desabrigo, tão evidentes na obra Os
comedores de batata.
Os pares de sapato aqui mostrados testemunham o vínculo de Van
Gogh com a vida rural. A aparência deles talvez não surpreendesse,
se não fosse o aspecto rude e gasto pelo uso. Estão vazios
por apenas um curto momento de descanso. Suas marcas nos contam um pouco
sobre a vida de quem os usa, os caminhos laboriosos que percorrem, a
humildade de suas vidas. Estão sobre um pano, que também
serve de fundo, e são pintados em sua realidade. O artista destaca
a sola rasgada de um deles, inclina outro, busca dar uma certa naturalidade
ao conjunto, preocupação muito própria dessa fase
de sua obra, na qual ainda se observa influência do Realismo.
Contudo, mesmo sem a presença de outros elementos que pudessem
servir de referência e indicar a procedência específica
desses sapatos, se revela ali muito mais que objetos, revela-se a memória
deles, os passos de quem os usou, sua função de proteger
os pés de quem deles precisa para trabalhar, enfrentar o clima,
caminhar chãos que podem ser agrestes, úmidos, áridos.
Mas a relativa incapacidade destes simples objetos darem conta de tão
complexa tarefa se expressa pelo rasgo que Van Gogh tem o cuidado de
nos retratar.
Em A Mansão de Quelícera, um destes sapatos foi
apropriado
e colocado em uma das gavetas da cômoda que o jogador encontra
no Hall.
>>
veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador